domingo, 14 de novembro de 2010

Na língua dos sentidos


No mundo da culinária, o lume brando é um conceito sábio. O aquecimento gradual e ponderado potencia o sabor, minimiza os riscos de esturrar as iguarias e de queimar a caçarola. Já no mundo das emoções, o lume brando é um sarilho. Elas precisam de ferver. De borbulhar. De fazer saltar a tampa nos locais mais insuspeitos. Precisam de excesso de vapor e de pimenta. Na língua dos sentidos, a chama curta corre sérios riscos de se desvanecer à mínima corrente de ar.

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